Há 20 anos no dia 11 de setembro de 2001, ocorria nos Estados Unidos uma série de atentados terroristas que chocaram o mundo e marcaram a virada do século XXI e a Nova Ordem Mundial.

O grupo terrorista Al-Qaeda e seu principal líder Osama bin Laden, haviam planejado os ataques e treinado os terroristas no Afeganistão, controlado desde 1996 pelo Talibã, grupo que se originou dos mujahidins, guerreiros que lutaram contra a ocupação soviética com apoio dos Estados Unidos.

Os alvos do ataque terrorista eram as torres do World Trade Center em Nova Iorque, o Pentágono e a Casa Branca em Washington. Só os dois primeiros alvos foram atingidos.

O saldo dos ataques foi um total de 3000 mortes e a cicatriz do trauma deixado na população norte-americana.

Os Estados Unidos e a Nova Ordem Mundial

O colapso da União Soviética em 1991 e a rápida e esmagadora vitória dos Estados Unidos sobre as tropas iraquianas na Guerra do Golfo, pareciam demonstrar que uma liderança hegemônica absoluta havia se consolidado.

Apesar de países como Alemanha e Japão terem despontado como grandes economias enquanto os Estados Unidos disputava sua superioridade com a União Soviética, nenhum país até então tinha sido capaz de alcançar o poder geopolítico e econômico norte-americano.

A vitória do capitalismo liberal estadunidense era presenciada pela importância do dólar na economia mundial e pelo receituário neoliberal prescrito pelos Estados Unidos no Consenso de Washington, que influenciou significativamente a América Latina.

Mas o que aparentava ser uma nova ordem unipolar se mostrava uma nova desordem a partir do século XXI, onde o ordenamento geopolítico mundial dava sinais de não ter uma liderança sólida.

Os atentados de 11 de setembro de 2001, o primeiro ataque estrangeiro no território contíguo dos EUA, expôs as fraquezas da então superpotência.

A invasão ao Afeganistão em 2001 que retirou o Talibã do poder e ao Iraque em 2003, que derrubou o ditador Saddam Hussein, ao longo do tempo se mostraram um fracasso que custaram trilhões, causando o surgimento do Estado Islâmico no Iraque e a retomada gradual de territórios pelo Talibã no Afeganistão, enquanto ceifava vidas de militares norte-americanos a um alto custo dos contribuintes, gerando descontentamento.

A decadência dos EUA ascensão da China

Em meio a vultuosos gastos militares no Oriente Médio, alguns deles polêmicos como a compra de uniformes militares de selva para o exército do Afeganistão, um país completamente desértico, veio a crise financeira de 2008, abalando profundamente a economia do país.

Enquanto isso, a China, que havia iniciado sua trajetória capitalista na década de 1980, vinha superando as expectativas de crescimento econômico, se tornando o maior exportador mundial de bens de consumo.

Com uma aproximação junto aos países emergentes dos BRICS, a crise para os chineses foi branda se comparada as potências desenvolvidas como os Estados Unidos, que viveram sob altas taxas de desemprego e queda drásticas no crescimento econômico.

Com sua economia em efervescência, a China passou a ter a maioria de sua população urbana e começou a se destacar em setores de alta tecnologia, produzindo celulares, computadores, iniciando missões espaciais e saindo na frente na corrida do 5G.

A política nacionalista e antiglobalização de Donald Trump também afetaram negativamente o país, com a retirada da participação dos Estados Unidos da Parceria Econômica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês), abrindo espaço para a China liderar o acordo que será maior que a União Europeia e o USMCA.

A saída do Afeganistão e a perda da hegemonia

Após 20 anos da mais longa guerra vivida pelos Estados Unidos, o governo Joe Biden resolve dar sequência a proposta de Donald Trump de retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão. E o que era de se esperar aconteceu: o Talibã retoma o poder no país.

Antes mesmo da retomada do poder pelo Talibã, a China havia iniciado negociações com o grupo para evitar uma possível influência rebelde nos povos islâmicos uigures, de sua província de Xinjiang.

Além de demonstrar um enfraquecimento, os EUA abriram espaço para a China expandir seus projetos da Nova Rota da Seda para o Afeganistão, que pode ser mais um dos vários países a receber investimentos desse ambicioso projeto geopolítico chinês, sendo um território estratégico para a passagem de suas infraestruturas.

A cada vácuo deixado pelos EUA, a China vem se mostrando cada vez mais capaz de preenchê-los. Com a gestão eficiente da pandemia na China, sua liderança da economia mundial foi antecipada para esta década.

Entre uma sucessão de crises e erros estratégicos dos Estados Unidos, a China conquistou sua ascensão e está a poucos passos de se consagrar como a potência da nova ordem mundial no século XXI, em uma trajetória iniciada a partir do 11 de setembro de 2001.

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