Em outubro deste ano, a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA) dos Estados Unidos registrou o inicio do fenômeno La Niña, que foi o responsável pelo aumento das fortes chuvas na Bahia e em Minas Gerais, levando mais de 50 cidades da Bahia e mais de 30 cidades de Minas Gerais a decretarem situação de emergência.

O fenômeno La Niña consiste no resfriamento anormal das águas do Pacífico em sua região equatorial, ocasionado pela intensificação dos ventos alísios, que levam as águas mais quentes para o oeste do Oceano Pacífico, na costa leste da Austrália e Indonésia.

Com a intensificação dos ventos alísios levando as águas quentes para o oeste, os movimentos de ressurgência aumentam. Esses movimentos são responsáveis pela elevação das águas frias de profundidade para a superfície.

Essa anomalia impacta na circulação geral atmosférica e é responsável por desequilibrar o regime de chuvas em diversas partes do planeta. Na Austrália e Indonésia, Norte e Nordeste do Brasil, intensificam-se as chuvas. Já no Centro-Sul do Brasil, a tendência é de estiagem.

La Niña e ZCAS

O fenômeno La Niña tende a intensificar o sistema meteorológico da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que trata-se de uma faixa de nuvens carregadas sendo um dos principais causadores de chuvas nos meses de verão no Norte, parte do Centro-Oeste e no Sudeste.

Carta sinótica representando a Zona de Convergência do Atlântico Sul em verde e a formação de uma depressão subtropical na costa. Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O sistema das ZCAS ocorrem tipicamente nesta época do ano, já a depressão tropical não. Devido as mudanças provocadas pela La Niña, o oceano na costa do Brasil fica mais aquecido. Formou-se então uma área de baixa pressão que foi classificada como depressão subtropical, devido as tempestades e a velocidade do vento.

As ZCAS não ocorrem sempre da mesma maneira e por isso não atingem sempre as mesmas regiões. Neste ano, devido a influência do La Niña, as ZCAS estão mais posicionadas ao norte, atingindo mais os estados do Espírito Santo, o norte de Minas Gerais, Bahia, Tocantins, parte do Pará, sul do Amazonas, norte de Goiás, Distrito Federal e no centro-norte de Mato Grosso.

Um exemplo dessa influência é na capital da Bahia, Salvador, que vinha registrando desde novembro elevados índices pluviométricos, chegando a 304 mm, quase o triplo da média para este mês que é de 106 mm. Em dezembro, a média também havia sido superada.

Em Minas Gerais, uma das regiões mais afetadas é o Vale do Jequitinhonha, no norte do estado, região que é caracterizada por chuvas escassas e irregulares, considerada a mais pobre do Sudeste.

As fortes chuvas que alagaram e colocaram inúmeras cidades em situação de emergência, não estão apenas relacionadas ao fenômeno La Niña, sua influência na ZCAS e na depressão subtropical, mas também, a falta de estrutura e preparo para eventos deste tipo.

Com as mudanças climáticas, a frequência e intensidade destes fenômenos tende a ser maior, ocasionando graves problemas principalmente à população mais pobre, que ocupa áreas de encostas ou várzeas.

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