O Brasil no início do século XX possuía 17 milhões de habitantes. Ao final deste século, a população era cerca de 10 vezes maior. Esse crescimento foi impulsionado a princípio, pela chegada de imigrantes europeus e asiáticos, porém, no decorrer do século XX, o aumento da população esteve mais ligado às mudanças socioeconômicas que impactaram no crescimento vegetativo (natural) da população.

O crescimento da população brasileira

Com o processo de industrialização ocorrido a partir de 1930, a população brasileira inicia um movimento migratório do campo para a cidade (êxodo rural), em busca de trabalho e melhores condições de vida.

A partir do surgimento da legislação trabalhista, que previa salário mínimo, descanso semanal e férias remuneradas, além da educação primária ter se tornado gratuita e obrigatória, houve um grande estímulo para a população rural se mudar para o meio urbano. Aliado a este fato, está o processo de modernização e mecanização do campo que ocorreu nas últimas décadas e provocou a expulsão de milhares de trabalhadores para as cidades.

Na década de 1950, a população cresceu a uma média de 3% ao ano, acumulando um acréscimo de aproximadamente 35% na população, que saltou de 51 milhões para 70 milhões em 1960.

Esse elevado aumento se deu em decorrência de uma queda acentuada na taxa de mortalidade, fruto dos avanços na saúde e na facilidade de seu acesso pela população a partir de 1940, que ocorreu em conjunto com a manutenção da alta taxa de fecundidade, que situava-se na média de 6,21 filhos por mulher.

Em 1970, a população brasileira passa a ser de maioria urbana, e a partir disso, há um impacto direto na redução da fecundidade e consequentemente na natalidade. O Brasil passa a registrar um declínio no crescimento vegetativo, que consiste na diferença entre a taxa de natalidade (nascimentos a cada mil habitantes) e a taxa de mortalidade (óbitos a cada mil habitantes).

O alto custo de vida nas cidades, maior acesso a informação e métodos contraceptivos, planejamento familiar e inserção da mulher no mercado de trabalho, foram os fatores responsáveis por esta mudança no padrão demográfico.

Mesmo com o aumento da expectativa de vida, em decorrência da possibilidade de acesso a informações e serviços médicos sanitários na cidade, intensificou-se o declínio na taxa de crescimento, já que a taxa de fecundidade não parou de cair nas décadas que se seguiram.

A evolução da pirâmide etária brasileira

As transformações demográficas brasileiras ficam ainda mais claras quando são evidenciadas a partir da análise de gráficos de pirâmide etária de diferentes épocas. A distribuição da população por grupos etários (jovens, adultos e idosos) sofreu grandes alterações com as mudanças no perfil demográfico brasileiro que aconteceram após a urbanização.

A base da pirâmide (população jovem) foi se estreitando e atualmente conta com um corpo (população adulta) largo e um ápice (população idosa) em processo de crescimento. A tendência atual é a de envelhecimento populacional, havendo a necessidade de se pensar em políticas para atender a demanda crescente de idosos e uma diminuição da força de trabalho (população em idade ativa).

Na década de 2010 o Brasil vivenciou seu bônus demográfico, também conhecido como janela de oportunidade demográfica, que representa o momento mais favorável na estrutura etária para o crescimento econômico, na qual a proporção de jovens e idosos, que correspondem a população dependente, está em seu menor patamar se comparado a população adulta.

Porém, este período chegou ao fim em 2018. Em 2010, para cada 100 pessoas em idade economicamente ativa, havia 47,1 pessoas na faixa etária de dependência. A razão de dependência recuou até chegar a 43,9 em 2017, mas em 2018, voltou a crescer, com estimativas de chegar a 66 em 2060.

A população dependente irá se elevar devido ao aumento na proporção de idosos no total da população. Uma em cada quatro pessoas terá 65 anos ou mais em 2060. A proporção de idosos que atualmente está em 9,2%, alcançará nesta projeção em 25,5% da população.

Em 2019, foi aprovada a reforma da previdência, que estabeleceu novas regras para a aposentadoria pensando nas mudanças na estrutura etária da população brasileira que estão ocorrendo, mas que dividiu opiniões de diferentes setores da sociedade civil, sofrendo duras críticas em relação a manutenção de privilégios da elite do funcionalismo público brasileiro.

O impacto da pandemia no crescimento populacional

O Brasil ultrapassou a marca de 210 milhões de habitantes, segundo a estimativa populacional divulgada pelo IBGE. O número chegou em 2021 a 213,3 milhões, 0,7% maior que os 211,8 milhões de 2020.

Este crescimento no entanto, está cada vez menor. A pandemia da Covid-19 reduziu a expectativa de vida do brasileiro, que caiu de 76,6 para 72,2 em dezembro de 2021. Além disso, os efeitos econômicos da pandemia adiaram os planos de casais em terem filhos, provocando também uma queda na natalidade.

Com isso, estima-se que houve um desaceleramento no crescimento da mão de obra, o que irá provocar no futuro em uma menor População Economicamente Ativa (PEA), reduzindo a oferta de trabalhadores.

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