Os setores da economia são classificados como as etapas que os produtos tanto materiais quanto imateriais percorrem dentro do ciclo econômico, envolvendo-se em processos de exploração de matéria-prima, industrialização de recursos, venda e distribuição ao consumidor final — que fará seu uso e, eventualmente, descarte.

Feita a definição de setor econômico, podemos dividir as práticas econômicas em três setores: primário, secundário e terciário. O setor primário é composto pela agropecuária e pelo extrativismo, o secundário é formado pela atuação das indústrias, e o terciário pelo comércio e serviços. É este último que vou abordar aqui. Acompanhe.

O setor terciário – ou terceiro setor – é muito amplo, pois envolve todos os bens materiais e imateriais que são oferecidos ao consumidor na forma de atividades. É o caso, como já dito, do comércio e da prestação de serviços, onde se cria uma relação entre produtos e pessoas.

Bancos, hospitais, telecomunicações, agências de turismo e até sua escola são exemplos de atividades do terceiro setor, sendo, portanto, seu/sua professor (a) um agente prestador de serviços, como advogados, mecânicos, guias turísticos, vendedores, etc. Esses profissionais exercem sua força de trabalho para oferecer um serviço (ou, no caso do comércio, um produto material) considerado útil ao consumidor.

O setor ainda inclui uma grande quantidade de trabalhadores informais, o que é evidenciado pelo processo de terciarização da economia em curso no Brasil e em todo o mundo. Tal processo corresponde ao crescimento da oferta proporcional de empregos no setor terciário em relação aos demais setores. Porém, quando isso é demasiado intenso e desordenado, pode acarretar na chamada hipertrofia do setor terciário. Para entendê-la, vou comparar a outro tipo de hipertrofia ligado a nós – a “hipertrofia muscular”.

Na área da saúde, hipertrofia muscular é o aumento do tamanho (volume) das células dos músculos em resultado à sobrecarga imposta. Trata-se de uma resposta fisiológica, que decorre de uma adaptação das células musculares diante de uma maior exigência de trabalho. Como resultado, há um aumento do volume do músculo para suportar o esforço, como nos casos de exercício físico ou trabalhos pesados.

Da mesma forma, o setor terciário da economia, também em sobrecarga, provoca a hipertrofia. Veja a imagem abaixo:

Comparativo entre as consequências da hipertrofia muscular e da hipertrofia do setor terciário (Copyright © 2021, TudoGeo – Por Vitor Colleto. Todos os direitos reservados). 

Seguindo a mesma lógica da muscular, a hipertrofia do setor terciário é nada mais do que o crescimento desordenado e não sustentável da área de serviços e comércio. Sua principal consequência é o crescimento da atividade informal, a exemplo dos camelôs e vendedores ambulantes.

As causas dessa hipertrofia (maior concentração de mão de obra na área de comércio e serviços) vão desde o crescimento da complexidade da economia até a maior dependência dos trabalhadores do setor em função da sobrecarga de trabalho nele próprio ou nos outros; mas, sobretudo, destaca-se a mecanização do campo e da atividade industrial (setores primário e secundário, respectivamente), uma vez que tais áreas passaram a empregar em uma quantidade menor e em um nível de qualificação bem mais exigente, transportando a maior parte da massa de assalariados para o setor terciário.

Assim como a hipertrofia muscular é reversível – podendo o músculo voltar ao tamanho normal, caso o esforço e exercício físico cessem -, a hipertrofia do setor terciário pode ser revertida a partir do controle do processo de crescimento do setor em termos de geração de empregos, além da promoção de facilidades para o registro dos trabalhadores informais. Isso em um cenário mais otimista.

No entanto, se não houver o controle necessário para driblar a hipertrofia do setor, ela continuará aumentando e poderá colapsar. Isso também ocorre com a hipertrofia muscular quando o estímulo persiste ou aumenta além da capacidade adaptativa do músculo, causando multiplicação celular, se as células estimuladas tiverem capacidade reprodutiva; ou degenerações variadas que podem culminar com a morte celular.

É importante deixar claro que, embora feita a analogia entre os dois tipos de hipertrofia, a hipertrofia muscular pode ser considerada como positiva à saúde humana, desde que não seja em excesso; enquanto que a hipertrofia do setor terciário é tida, na maioria das vezes, como desfavorável à atividade econômica, uma vez que sua ocorrência desenfreada poderá apontar falhas no desenvolvimento do sistema econômico de um país, estado, município ou, inclusive, do mundo.

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